terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Medo do Escuro

Escrito por:Augusto Gattone

   Um simples conjunto de pensamentos escrito por mim,em uma fria noite, aonde o meu unico cenário éra a escuridão.
 


    Em mais de uma ocasião, eu tentei explicar às pessoas como eu tinha pesadelos e sentia medo do escuro. Para mim, a escuridão não era simplesmente a ausência de luz, mas sim algo mais tangível que isso.
   Era algo que você podia tocar e sentir, ou pior ainda, era alguma coisa que possuía uma mente própria, algo malicioso, assustador mortal e maligno. Para mim, as coisas mudavam quando a escuridão os envolvia tudo se convertia em algo diferente, estranho e fora do normal.
   Ao certo nada estava a salvo ou recuperava sua inocência.
A verdade é que ninguém nunca deu ouvidos as minhas palavras até algum momento. Talvez até o momento em que elas são vitimas das minhas palavras, do que eu tentei avisar. Mas quem se importa com as simples palavras de um louco, que morre de medo do escuro, medo do mundo, todos dão risada de mim.
 Mas os meus piores medos, não são esses, não é medo de dormir e ter um horrível pesadelo, ou medo de apagar as luzes do meu quarto antes de deitar-me, e assistir a escuridão olhando para mim com seus olhos negros de morte.
   Ao certo não sei qual é o meu maior medo, talvez seja saber que lá fora no mundo, todos nós estamos sujeito à maldade que consome as pessoas, pessoas comuns, uma pessoa normal, e até mesmo uma criança inocente.
   Stephen Kings uma vez mencionou em um livro cujo agora não me lembro o titulo de cabeça, que "Os Pesadelos não estão sujeitos à lógica, não tem sentido explicá-los, a explicação é a antítese da poesia do medo".
   Em uma historia de terror, a vítima continua a se perguntar "por que", no entanto não há explicações, não deve haver.
   O mistério sem respostas é o que perdura, o que sempre acabamos recordando.

   Interprete minha historia como um pesadelo ou como algo real, trata-se de uma escolha que você faz.

 Ao certo não me lembro onde eu estava quando despertei, como de fato eu me encontrava atrasado para chegar em algum lugar, parecia que era um farol. Eu estava sozinho, no meu carro e infelizmente avistei o caroneiro tarde demais. Só fui ver quando os estilhaços do vidro do meu carro se partiram em milhões de pedaços e o meu carro derrapou brutalmente. O homem voou alguns metros à frente e parecia estar morto, minha cabeça estava doendo e sangrando.
   Por um segundo eu pensei em sair daquele lugar, pois sabia que se a policia chegasse naquele local naquele exato momento eu iria ser preso por atropelar um pobre-homem que estava apenas pedindo carona. Sai do carro, lá fora estava nevando, não dava para enxergar quase nada, se não fosse pelos faróis do carro, com certeza eu nunca teria saído daquele maldito carro.
   O vento era tão forte lá fora que parecia arrancar a pele fora. Eu não gostava daquele lugar e nem da escuridão que me rodeava, parecia que ela estava viva, me observando solenemente e eu podia ver a pura maldade nela. Andei lentamente até aonde eu tinha visto o corpo do caroneiro.
   Porém quando cheguei no local, os faróis do meu carro se apagaram, e o corpo do caroneiro não estava mais lá. O medo me consumiu pouco a pouco, eu não conseguia me mexer, estava com frio, quando eu voltei à realidade, fui para o carro o mais rápido possível. Entrei e girei a chave no contato, o carro ligou e eu pisei no acelerador.
   Que diabos eu tinha acabado de presenciar? Impossível aquele maldito homem ter sobrevivido. E por incrível que pareça eu estava suando frio naquele exato momento, estava prestes a surtar, queria acordar, pois sabia que aquilo era um pesadelo, era uma cena de pesadelo, mas eu não estava dormindo e sabia disso pois continuava acordado.         Estava correndo no meio a escuridão, a neve estava mais forte e de repente a alguns metros de distancia, na frente do meu carro, o homem reaparece agora em uma forma um tanto fantasmagórica, e em uma tentativa sem sucesso eu virei o volante do meu carro, que começa a rodar e rodar, quando me dei conta pude perceber que estava gritando desesperadamente o tempo todo, até o carro atingir fatalmente uma arvore e me deixar entre a vida e a morte. Senti o mundo acabar, sabia que naquele momento estava morrendo, e o que dizem sobre a morte realmente é verdade, toda aquela coisa de ver uma luz brilhante no fundo do túnel, eu realmente vi esse luz, e vi minha vida toda passando diante dos meus olhos.
    A última coisa de que eu me lembro antes de apagar, foi olhar para o espelho retrovisor e ver sentado no banco traseiro do meu carro, aquele caroneiro, com um chapéu cobrindo os olhos, uma jaqueta preta e um sorriso hediondo estampado no rosto, um sorriso prazeroso, por acabar de arrancar mais uma vida inocente.
   Quando eu acordei estava em uma maca, não sei ao certo o porquê eu estou aqui nesse lugar cheio de gente malucas. Acho que eu estou em um hospício, é o que dizem algumas pessoas por ai. Também ouvi alguns homens de branco dizer que eu era um lunático e esquizofrênico paranóico.
   Não sei o que quiseram dizer, porém antes deles saírem do meu quarto, fui obrigado a pedir que não desligassem a luz, pois até aquele momento continuava tendo muito medo do escuro.
   E se você estiver lendo isso, significa que eu já estou morto, isso tudo já aconteceu há algum tempo atrás, depois disso tudo acontecer, algumas pessoas brincaram com a minha cabeça, fizeram alguns jogos e me deixaram confuso.
   Foi assim por muitos anos, até me levarem para o corredor da morte, culpado por atropelar um senhor de idade que procurava carona durante uma noite fria de inverno. E hoje, onde eu estou eu não tenho mais medo da escuridão, por que a escuridão não existe, é apenas a ausência de luz, o mal não existe é apenas a ausência da bondade, enfim, nada seria perfeito se não existisse uma versão ruim de cada coisa.
    E minha versão ruim esteve comigo o tempo todo enquanto eu estive na terra, eu podia sentir a escuridão brotando dentro de mim, como uma idéia maléfica crescendo em minha mente, consumindo a minha bondade, ou apenas o que restava dela, dia após dia, isso me consumia, a escuridão estava em mim, foi assim comigo e é assim com muitas pessoas, isso nunca vai mudar. Siga a luz, pois a escuridão destrói. “Não tenha medo de enfrentá-la, só assim você poderá derrotá-la e se livrar do pecado.”

   O frio existe? Na verdade o frio não existe, o que nós consideramos frio é na realidade ausência de calor. É a mesma coisa com a escuridão, a luz nós podemos estudar, mas não a escuridão, portanto o mal não existe, é a mesma coisa da escuridão e do frio. Deus não criou o mal, ele é apenas o resultado do que acontece quando um homem não tem Luz o suficiente presente em seu coração.

#FIM#

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