sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Caminho do Inferno

   Escrito por: Augusto gattone

   Baseado em um incrível homem, que foi um verdadeiro herói. Talvez vocês já ouviram falar de Audie Murphy, o homem que foi ao inferno e voltou.

   Menos de cinqüenta quilos, um pouco mais de um metro e meio de altura, febril, com dor de cabeça e enjoado, Murphy se tornou um eficiente, dedicado e mortal guerreiro durante a Segunda Guerra Mundial.  Comandando uma dúzia e meia de homens treinados para matar dentro de alguns tanques que segue em direção aos alemães.
   Ele não sabe quantos são, nem tem para onde fugir. E como se não bastasse, ouviu dizer que os inimigos estão com um novo rifle com enorme poder de fogo.
   Murphy tem apenas vinte anos.

   Ao longe, se vê os tanques inimigos se aproximando. Era um homem dele para cada tanque alemão. O seu melhor amigo, de dentro de um tanque, começa o ataque. 
   Murphy com um rifle de precisão, detrás de uma pedra acerta qualquer um que não estivesse protegido.

   Ouve-se um estrondo como o de um trovão, de repente o calor aumenta. Murphy olha para trás e vê o tanque de seu amigo pegando fogo.
   Ele podia ouvir seus gritos de dor. Em meio aos sons aterrorizantes de guerra, todos ouvem nitidamente a voz aguda mandando que recuassem. Enquanto seus homens fogem, Murphy entra no tanque em chamas e começa a atirar nos alemães.

   Os minutos se passando, a febre e a náusea aumentam. Sangrando e completamente exausto, Murphy vai parando um a um os tanques inimigos, um a um. A fumaça começa a tornar sua respiração cada vez mais difícil.  Ele imagina que, mesmo sendo um assassino sem anseio em matar, nenhum inferno poderia ser pior do que aquele.  
   Outro pensamento angustiante passa por sua cabeça: Ele não é um assassino, ele gosta mesmo é da batalha de alguma forma ele se sente bem. Mas quem se importa com isso?  No final não vai fazer a menor diferença.
   Cinqüenta e dois minutos depois, quase todos os inimigos morreram. E aquele maldito tanque ainda pegando fogo, poderia explodir a qualquer momento.
   O cheiro de sangue, carne queimada se alastra pelo ar. A munição acaba. A adrenalina rasga um sorriso no rosto de Murphy.
   É hora da cartada final.

   Murphy sai do tanque e atira contra os inimigos com uma pequena pistola, enquanto foge. O último tiro mata um alemão que tentava fugir desesperadamente, e ele joga a pistola fora.
   Começa a correr com todas as forças. Corre sem olhar para trás. Tiros por todos os lados, e buracos de balas começam a nascer a sua volta, mas ele não para, nada pode pará-lo. Ao descer a colina, bem a frente dos inimigos, Murphy viu seus soldados aguardando ordens.

  -Comandante, onde você estava?- Um deles grita em tom insaciável.
  -Eu fui ao inferno e voltei-Ele responde.
   O tanque explode bem atrás dele, apenas meia-dúzia de inimigos sobreviveram.
   Murphy cai no chão, rola alguns metros, mas logo se levanta e continua a correr, sem necessidade, mas por reflexo ele grita. - Ataquem!

   Todos os soldados vão para cima dos inimigos. Eles tentam fugir, mas são todos alvejados. E Murphy continua a correr em direção do sol. 
   Já não pensa mais, às vezes ele vê alguns tiros imaginários o perseguindo. Mas nada pode Pará-lo. Corre como se não existisse amanha, como se nada mais importasse.
   Não olha para os lados, não olha para trás e, talvez, também não olhe para frente. E continua a correr.
   Continua a correr pelo resto de sua vida, até morrer em uma fria tempestade de raios anos depois.  Só o que resta é a duvida que seus soldados tiveram quando o viram fugir daquela enorme explosão.
   -Fugindo ou tentando alcançá-la?                                                                        

#FIM#


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